Com origem envolva numa áurea de
mistério, o Livro de São Cipriano é encarado nos meios rurais transmontanos
como um “roteiro de tesouros”, mas também como um manual de rituais mágicos, de
pactos com o demónio, de operações de vingança, enfeitiçamentos amorosos e
desencantamentos. A sua leitura tem de ser infalível, de contrário o efeito pode
ser trágico. Conta-se em Grijó, Bragança, que um homem emocionou-se de tal modo,
ao sentir a riqueza que sonhara já ali tão perto, que acabou por se enganar na
leitura, e, ao enganar-se, abriu-se um grande buraco na terra, onde ele entrou
e nunca mais foi visto. Por outro lado, como nos meios rurais, pouca gente
sabia ler, por vezes recorria-se à ajuda dos padres para que a leitura fosse
infalível. Assim aconteceu em Lebução, Valpaços. Conta-se que um padre, no auge
da leitura e do ritual, quando meteu a mão na caldeirinha e lançou ao solo uma
chapada de água benta, tudo à volta tremeu, afugentando todos os pesquisadores
do tesouro, que, por isso, ainda lá continua à espera de gente mais corajosa.
Bibliografia:
PARAFITA, A. (2006) – A Mitologia dos Mouros, Gailivro, V.N. Gaia.