(imagens de "vezeiras" em fotos de Daniela Araújo)
Leio estas coisas e quase não
acredito: «Rebanho coletivo ganha primeiro prémio de concurso de ideias
portuguesas” (promovido pela Fundação Gulbenkian). Assim noticiava ontem o
Público. Ou seja: a ideia mais inovadora de 2015 em Portugal foi a “invenção”
de um rebanho coletivo!
Em Lisboa não sabem, é claro.
Entretêm-se demasiado por lá com as revistas de Glamour e Jet Set. Se em vez
disso lessem os livros e artigos de antropólogos e etnógrafos saberiam que no
Barroso já vigora há séculos, como estratégia de empreendedorismo popular, o
sistema do rebanho coletivo. Dá-se-lhe o nome de “vezeira”. É uma prática
comunitária de junção dos rebanhos das aldeias para serem pastoreados em
terrenos comuns: os “baldios”. Baseia-se no agrupamento de proprietários do
gado, devidamente organizados, que seguem regras rigorosas, estabelecidas e
transmitidas de geração em geração, e há sempre uma família que, à vez (daí o
nome “vezeira”), assume a condução e a gestão do rebanho coletivo.
Tantas lições há ainda para
aprender com este povo!
Alexandre Parafita
in Diário de Trás-os-Montes