Há notícias que, por mais dolorosas que soem, podem ser
dadas assim. Foi o que o “Público” fez ao anunciar ontem a morte do pintor Mário
de Oliveira, em Vila Real, aos 98 anos de idade. A primeira morte acontecera
após o 25 de Abril, quando foi praticamente apagado de uma carreira pública
proeminente como arquiteto nas ex-colónias (Angola, Moçambique, Guiné, São Tomé
e Príncipe), onde desenhou alguns dos principais edifícios públicos, escolas, hospitais,
planos urbanísticos, que ainda hoje são um “ex-libris” daqueles territórios.
No início dos anos 80, viúvo, deixou a sua casa em Cascais e
veio viver definitivamente para Vila Real mesmo não tendo nesta região quaisquer
raízes. O que o trouxe em definitivo nunca o deixou muito claro. Percebeu-se,
contudo, que veio para recomeçar uma nova vida, numa busca de novos sonhos,
conseguindo-o como pintor, poeta, crítico de arte e cronista, sem deixar de
alimentar as velhas amizades com figuras notáveis dos seus tempos áureos, como era
o caso de Fraga Iribarne, então Presidente do Governo da Galiza. Como cronista,
escreveu em vários jornais, entre eles o semanário “A Região”, de que fui diretor,
muito jovem ainda, nos anos 80. Que história de vida a que este Homem tinha
para contar! O muito que se aprendia com ele suplantava escolas e universidades!
Alexandre Parafita