(foto de: Virgílio Gomes)
Num tempo em que a
gastronomia e doçaria tradicionais merecem atenções reforçadas como bens intangíveis
de Património Cultural Imaterial, e com o Natal à porta a requerer cada vez
mais criatividade das doceiras e doceiros domésticos, porque não ressuscitar as
já esquecidas “Bexigas de São Lázaro”?
É um doce que a tradição reconhece como originário de Vila Real. E para isso, aí está a lenda que alguns recordam ter ouvido assim: Conta-se que no tempo das epidemias, a doença das “bexigas” [designação popular dada à varíola] matou muita gente em Vila Real e arredores, mas poupou os moradores do Bairro dos Ferreiros, que eram muito devotos de São Lázaro, protetor contra o mal das “bexigas”, cuja imagem veneravam na antiga capela de Santa Margarida. Desde estão, esta capela passou a ser conhecida como capela de São Lázaro, e os devotos passaram a levar-lhe como oferendas uns doces que se apresentam com forma funda a imitar a cicatriz que a doença das “bexigas” deixa no rosto das pessoas. Os doces ganharam, por isso, o nome de “Bexigas de São Lázaro”.
É um doce que a tradição reconhece como originário de Vila Real. E para isso, aí está a lenda que alguns recordam ter ouvido assim: Conta-se que no tempo das epidemias, a doença das “bexigas” [designação popular dada à varíola] matou muita gente em Vila Real e arredores, mas poupou os moradores do Bairro dos Ferreiros, que eram muito devotos de São Lázaro, protetor contra o mal das “bexigas”, cuja imagem veneravam na antiga capela de Santa Margarida. Desde estão, esta capela passou a ser conhecida como capela de São Lázaro, e os devotos passaram a levar-lhe como oferendas uns doces que se apresentam com forma funda a imitar a cicatriz que a doença das “bexigas” deixa no rosto das pessoas. Os doces ganharam, por isso, o nome de “Bexigas de São Lázaro”.
E, embora tal explicação seja pouco sugestiva para o apetite, o certo é que, quem olha e quem prova estes biscoitos, dificilmente lhes resiste. Aqui fica a receita, recolhida da tradição e divulgada há poucos dias pelo gastrónomo transmontano Virgílio Gomes:
«Necessitamos de cento e
vinte e cinco gramas de açúcar, duzentos e vinte gramas de farinha, cinco
centilitros de água, a raspa de um limão e um pouco de azeite. Amassa-se tudo
muito bem até conseguir uma massa uniforme. Forma um rolo com esta massa e
cortam-se às rodelas com três centímetros de espessura. Prepara-se um tabuleiro
de ir ao forno com um pouco de azeite e colocam-se os nossos discos de massa.
Depois dá-se uma dedada no meio de cada disco que simbolizará a representação
da “bexiga”. Vai ao forno aquecido a cento e oitenta graus, durante cerca de
vinte minutos. Seguidamente, depois de retirar do forno devem arrefecer. Põe-se
ao lume um recipiente com dez colheres, de sopa, de açúcar e uma colher de sopa
de água até que comece a ficar um branco espesso e agarrar as paredes do
recipiente. Depois pincelam-se as “bexigas” com este preparado que seca
rapidamente. Para terminar a receita é necessário ainda colocar ao lume
duzentos e cinquenta gramas de açúcar com cento e noventa mililitros de água e
ferve durante um minuto. De seguida mergulham-se as “bexigas” nesta calda e
escorrem-se sobre uma rede»
Alexandre Parafita