quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Pobre de um país que não aprende a honrar a memória…


Assinalam-se este mês 18 anos da Navegabilidade do Douro, um projeto que revolucionou o turismo e a economia de uma região e de um país. Centenas de milhares de turistas de todo o mundo, cruzeiros de luxo, milhões e milhões de euros… fluem anualmente pelas águas do Douro.

O que poucos saberão (e alguns preferem nem saber) é que a luta para tornar o Douro Navegável em toda a sua extensão (210 quilómetros) foi muito dura e longa. Foi uma luta de David contra Golias, nos tempos em que só Lisboa contava, o resto era paisagem. Começou em 1965, de início para escoar o ferro de Moncorvo e os produtos do Complexo do Cachão. Mas a indiferença de Lisboa era total.

Foi então que um homem se ergueu. Rogério Reis. Minúsculo de corpo (menos de metro e meio de altura) mas um verdadeiro gigante na ousadia e determinação. Como jornalista, lançou durante anos, nos vários jornais por onde passou, uma campanha ininterrupta em prol do Douro Navegável. Escreveu um livro sobre o tema, fez centenas de reportagens, suplementos e entrevistas, antes e após o 25 de abril. De tudo lançou mão para convencer e pressionar os poderes de Lisboa sobre as vantagens da Navegabilidade do Douro para o desenvolvimento da Região.

Contudo, o maior paradoxo é que este homem, que certamente nunca chegou a entrar num daqueles navios de luxo, morreu esquecido num bairro social de Vila Real, pobre e invisual, com uma filha surda-muda a seu cargo. Será que ao celebrar-se os 18 anos da Navegabilidade do Douro, alguém se vai lembrar deste Homem?
 
Alexandre Parafita