Assinalam-se
este mês 18 anos da Navegabilidade do Douro, um projeto que revolucionou o turismo
e a economia de uma região e de um país. Centenas de milhares de turistas de
todo o mundo, cruzeiros de luxo, milhões e milhões de euros… fluem anualmente
pelas águas do Douro.
O
que poucos saberão (e alguns preferem nem saber) é que a luta para tornar o
Douro Navegável em toda a sua extensão (210 quilómetros) foi muito dura e longa. Foi uma luta de David contra Golias, nos
tempos em que só Lisboa contava, o resto era paisagem. Começou em 1965, de
início para escoar o ferro de Moncorvo e os produtos do Complexo do Cachão. Mas
a indiferença de Lisboa era total.
Foi
então que um homem se ergueu. Rogério Reis. Minúsculo de corpo (menos de metro
e meio de altura) mas um verdadeiro gigante na ousadia e determinação. Como
jornalista, lançou durante anos, nos vários jornais por onde passou, uma campanha
ininterrupta em prol do Douro Navegável. Escreveu um livro sobre o tema, fez centenas
de reportagens, suplementos e entrevistas, antes e após o 25 de abril. De tudo
lançou mão para convencer e pressionar os poderes de Lisboa sobre as vantagens
da Navegabilidade do Douro para o desenvolvimento da Região.
Contudo,
o maior paradoxo é que este homem, que certamente nunca chegou a entrar num
daqueles navios de luxo, morreu esquecido num bairro social de Vila Real, pobre
e invisual, com uma filha surda-muda a seu cargo. Será que ao celebrar-se os 18
anos da Navegabilidade do Douro, alguém se vai lembrar deste Homem?
Alexandre Parafita