[O
povo com a sua visão pragmática da política…]
«Nessas
grandes quintas do Doiro, havia antigamente os criados, alguns deis até iam
daqui, e que faziam o trabalho do dia a dia, e havia os feitores que só lá estavam
pra dar as ordens, a mando dos patrões. Acontece que alguns desses feitores eram
ruins, e faziam a vida negra aos criados. Por isso, numa ocasião andava no seu
trabalho um criado muito preocupado, a rogar pragas e a lamentar a sua sorte, pois
estava pra vir um novo feitor, e ele com medo que inda fosse pior qu’ó
anterior.
– Estemos mal. Vamos ter um novo feitor, manda-nos fazer isto, òspois aquilo, òspois isto, òspois aquilo, vai ser o bonito...!
Ao pé dele, a ouvi-lo, estava o burro, e, de tanto o ouvir, estava também ele já preocupado. Até que lhe prècurou:
– Olha lá, será que o feitor que está pra vir me vai pôr duas albardas?
– Não, duas albardas não!
– Então quero lá saber! Ele que venha, que a mim tanto se me dá!»
– Estemos mal. Vamos ter um novo feitor, manda-nos fazer isto, òspois aquilo, òspois isto, òspois aquilo, vai ser o bonito...!
Ao pé dele, a ouvi-lo, estava o burro, e, de tanto o ouvir, estava também ele já preocupado. Até que lhe prècurou:
– Olha lá, será que o feitor que está pra vir me vai pôr duas albardas?
– Não, duas albardas não!
– Então quero lá saber! Ele que venha, que a mim tanto se me dá!»
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Mais um conto popular, recolhido
ontem (7-8-2013) em Ermelo, Mondim de Basto. Recoletor: Alexandre Parafita. Narrador:
Agostinho Barreira (o tio Agostinho das Cabras), 79 anos (na foto).