Em menos de quinze dias,
assistimos a estes dois desfechos dramáticos:
Primeiro, a Prof.ª Josefa
Marques, do concelho de Almeida, doente oncológica, de 51 anos, requereu, como
sempre fizera em anos anteriores, a mobilidade por doença para trabalhar
próximo do seu domicílio, mas este ano, com a mudança da legislação, acabou
colocada em Oleiros, a 207 kms de casa. Morreu sem obter resposta ao seu apelo
junto do Ministério da Educação.
Agora, a Prof.ª Fernanda
Barros, de Chaves, com a mesma idade, que há três anos estava colocada no seu
concelho com mobilidade por doença incapacitante (problemas hepáticos,
insuficiência cardíaca, diabetes, obesidade mórbida, três enfartes nos últimos
anos e três cateterismos), pediu para continuar no seu concelho, mas, perante a
nova (e hedionda) lei do Ministério, teve de regressar à escola onde é efetiva,
em Castelo de Paiva. Também acabou por morrer, esta semana, sem conseguir
resposta ao seu apelo junto do Ministério da Educação.
Que país é este, afinal?
E como pôde este Ministro da Educação produzir uma lei ardilosa e desumana que
limita, aos requerentes de mobilidade por doença incapacitante, a colocação
numa escola num raio de até 50kms em “linha reta”? Só quem não conhece (ou não
quer conhecer) a realidade do interior deste país pode urdir uma legislação tão
estranha.
Conseguirá o Ministro
dormir descansado, perante estes trágicos desfechos?
A minha homenagem à
memória destas duas professoras e a minha solidariedade com as lágrimas e a
revolta dos seus milhares de colegas, familiares e amigos.