A 18 de maio próximo passam 60 anos da morte de Manassés Lacerda Botelho, um dos filhos ilustres da vila de Sabrosa, criador de um estilo de fado que ficou famoso na primeira metade do séc. XX, conhecido como “Fado Manassés”.
Nasceu em Sabrosa, a 16 de janeiro de 1885 e faleceu anonimamente no Rio de Janeiro a 18 de maio de 1962. Compositor e notável cantor de fados, possuía uma voz de tenor extensa e bem timbrada, com a qual empolgava as audiências por onde passava, em especial nas célebres serenatas de Coimbra, mas também acompanhando, como solista, as digressões das tunas Académicas da Universidade de Coimbra e da Universidade do Porto. Tornou-se assim um ícone da canção de Coimbra, famoso pelo estilo performativo que criou, onde sobressaíam os “ais” prolongados, um estilo seguido depois por muitos intérpretes do fado coimbrão.
Nas primeiras décadas do séc. XX, gravou
dezenas de discos e publicou as partituras dos seus fados, tendo sido o
primeiro cantor de Coimbra a alcançar promoção comercial internacional através
de partituras impressas.
O seu desaparecimento vazio de notoriedade
no Brasil, inquietou muitos admiradores, em especial os antigos estudantes da
Universidade de Coimbra, que em 1968 promoveram uma sentida homenagem póstuma em
Sabrosa, com cobertura televisiva (o que nesse tempo era raríssimo, pois só
existia a RTP), perante uma multidão de sabrosenses que puderam ouvir alguns
dos seus melhores fados junto à casa onde Manassés nasceu.
Com o fado a ser elevado a
Património Mundial pela UNESCO, em 2011, perdeu-se então uma grande
oportunidade de prestar, entre os ícones do fado português, uma justa homenagem
a este ilustre sabrosense. Uma oportunidade que o município de Sabrosa pode
agora agarrar, celebrando o 60º aniversário da sua morte a 18 de maio próximo.
(ap)