Há uns anos atrás, uma pedagoga
brasileira, de visita a diversas escolas em Portugal, estranhou ver os alunos,
principescamente, munidos de um computador com o nome “Magalhães” e
desconhecerem em absoluto que nome era esse. Estava-se em pleno governo de
Sócrates, tempo de abastança, com um milhão de “Magalhães” a serem distribuídos
pelas escolas, ao abrigo do programa “e-escolinha”, contudo a grande maioria
dos alunos que usava tal equipamento nem sequer o associava ao Navegador e
muito menos sabia da existência desse grande português, senhor dos Oceanos, que
foi pioneiro na história do mundo.
Tal
paradoxo foi o leit-motiv para que,
por sua sugestão e minha coautoria, nascesse o livro infantojuvenil “Magalhães
nos olhos de um menino”, lançado pela Plátano Editora, em 2011, e logo adotado pelo
PNL. Uma obra escrita a duas mãos, página cá página lá, a fluir nas redes sociais,
ligando os dois lados do Atlântico, na pegada da “aldeia global” que Magalhães começou
a construir.
Passaram
oito anos e este ano comemora-se o V Centenário
da Circum-Navegação. Entre os objetivos parecia claro o propósito de alcançar
com a chama das comemorações as crianças e jovens das escolas da rede
magalhânica, procurando aí divulgar e consagrar a figura do Navegador.
Entretanto, muitos atos públicos têm já ocorrido, com
muita História e muita Ciência em torno de Magalhães. E mesmo alguma polémica a
soprar do país vizinho não tem faltado. Mas, e como ficam as crianças e jovens?
Estará a chegar a elas a chama heróica do grande Navegador, esse português que
provou não haver um fim para o mar, e mostrou ao mundo que, quando os sonhos
são infinitos, nem a lei da morte os pode travar?
in Jornal de Notícias 25-7-2019