As cambalhotas ou a teatralidade a que
alguns partidos políticos, sob a poeira pré-eleitoral, sujeitaram a
reivindicação dos professores (que insistem no descongelamento integral dos
seus anos de carreira), vai sendo pretexto para mais um rol de comentários e
críticas, por vezes humilhantes, a que algumas vozes querem sujeitar esta
classe profissional. Lemos e ouvimos, num tom geralmente provocatório, acusar
os professores de serem uma classe privilegiada, que ganha muito e trabalha
pouco.
São, claramente, comentários e críticas
de quem nada sabe sobre a rotina e o desgaste dos professores. De quem desconhece
a práxis estranguladora de um professor que concentra em si um rosário infindável
de funções e tarefas, trabalhando de dia e de noite, a lecionar turmas
numerosas, a elaborar planos de aula, planos de recuperação de alunos e de registos
regulares de evolução, a elaborar materiais pedagógicos, projetos de turma,
testes de diagnóstico, informação para encarregados de educação, relatórios de
tutorias, de projetos, clubes, aulas de apoio, reuniões e elaboração das respetivas
atas com encarregados de educação, conselhos de turma, de diretores de turma,
de departamento, conselhos pedagógicos… e por aí adiante.
E que dizer de um professor a ter ainda de gerir a terrível
realidade de alunos que levam para a escola toda a espécie de dramas, uns mal
nutridos, outros violentos, a polícia a ser chamada a todo o momento, alunos
que agridem a torto e a direito, mães que entram pela escola dentro e
esbofeteiam professores…?
A escola é o berço da educação. Ver os professores a terem de vir para a praça pública gritar por dignidade é vergonhoso num país que se quer civilizado.
A escola é o berço da educação. Ver os professores a terem de vir para a praça pública gritar por dignidade é vergonhoso num país que se quer civilizado.