Uma boa parte desta paisagem,
que a UNESCO tem classificada como Património Mundial, e que gera muitos
milhões de lucros com o turismo, foi fustigada nos últimos dias por violentas
trovoadas de chuva e granizo que destruíram vinhas, provocaram derrocadas de
muros e movimentos de terras, sofrendo em especial os concelhos de Sabrosa e de
Alijó, nos seus territórios mais próximos do rio Douro.
Nas suas vinhas, os
agricultores deparam-se com as folhas esfarrapadas, galhos quebrados e bagos no
chão, muros caídos e deslizamentos de terras. Ficaram feridas as vinhas, mas
feridas maiores ficaram no ânimo dos agricultores, que vão agora ter de correr
ceca e meca para tentarem assegurar os meios possíveis de subsistência.
É que, às vezes, tem-se
a sensação de que o Douro é só esta paisagem, protegida pela UNESCO, que
deslumbra os olhares para lisonja e delícia de quem o visita, esquecendo-se que,
por detrás de cada cepa e de cada pedra, há rostos de gente que ainda sofre
para sobreviver.
(ap)