Mário
Trindade, atleta de Vila Real, é o modelo do verdadeiro campeão, para quem os
sonhos se encarregam de garantir o fulgor de uma primavera renascida,
resistentemente luminosa. Atleta premiado, medalhado, recordista, em Portugal e
no estrangeiro, sempre soube sublimar as fraquezas e torná-las o motor das suas
forças, do seu talento. Conheço-o desde miúdo, vi-o treinar nas pistas da UTAD
e sempre apreciei a grande energia que dele irradia, para além de um talento
invulgar.
Foi,
por isso, com um ah de espanto que tanto ele como todos os que o conhecem viram
o seu nome retirado da lista de convocados para os Jogos Paraolímpicos Rio
2016. Ele, que havia conseguido alcançar os mínimos para a competição
paraolímpica, e tudo investiu nesse sonho, dinheiro, horas e horas, dias,
semanas, meses de treino. A pista passou a ser a sua segunda casa, fizesse sol,
frio ou chuva. Falta de vaga foi a justificação dada para a recusa. Mas que
raio de justificação! Gente fria, insensível, incapaz, foi certamente quem
assim decidiu. Resta a certeza de que não serão esses burocratas da capital que
lhe travarão o sonho de ser campeão. Esse continua ativo e continuará a
guiá-lo.
(AP)