São ainda muitas as comunidades cristãs que, no dia de hoje, promovem a celebração da “Queima de Judas”, um ritual que representa o julgamento, condenação e execução de Judas Iscariotes, por ter traído Cristo por trinta dinheiros. O povo, armado de tochas, aguilhadas e outros meios, aguarda os momentos da acusação e defesa, a leitura da sentença, e, por fim, participa no castigo fatal investindo sobre um sinistro boneco que se incendeia ou explode. Este castigo simboliza a expiação dos pecados do mundo e o fogo tem um carácter simbólico de purificação.
Outrora eram frequentes,
neste dia, os “enterro do bacalhau”, que, tal como as “queimas de Judas”, representam
também impulsos eufóricos de catarse e libertação perante os constrangimentos
quaresmais. Poucas são já as localidades que mantêm tal tradição. tanto mais
que o bacalhau, sendo outrora um apresigo de pobres, hoje é um cobiçado acepipe
de ricos. O castigo a incidir sobre o bacalhau simboliza a libertação dos
sacrifícios da Quaresma, que não permitia o consumo de carne. A partir do sábado
da Aleluia, dia da celebração, já o povo deixa de estar limitado ao consumo de
peixe e festeja assim o regresso da carne.
AP