Voltam a ser notícia as
praxes. Dizem os jornais que quatro estudantes da Universidade do Minho acabam
de ser constituídos arguidos sob a acusação de homicídio por negligência na
morte de três colegas num cenário de “guerra de praxes” de que muito se falou em
abril de 2014.
Não vejo, contudo, à
luz de outras experiências em julgamentos desta natureza, que tipo de pena o
Estado possa vir a aplicar a estes jovens. De todo o modo, também tenho dúvidas
de que sejam eles os únicos culpados nesta tragédia e também me repugna que
venham a ser uma espécie de “bodes expiatórios” numa onda de revanchismo social
contra os excessos das praxes a que ano após ano a própria sociedade e as suas
instituições continuam a fechar os olhos.
Por isso, a maior valia
deste julgamento, mais do que a aplicação de uma pena objetiva a estes jovens,
poderá estar na reflexão exemplar que venha a gerar nas instituições
responsáveis (a começar nas associações académicas) sobre o sentido real das
praxes, procurando que elas, a existirem, recuperem o seu sentido original e sejam um
processo civilizado de pedagogia urbana na integração dos novos alunos nas
academias e na vida social envolvente. As praxes académicas existem em todos os
países. Mas nos que são realmente civilizados, continuam a processar-se através
da prática de atividades desportivas, culturais, de solidariedade e, acima de
tudo, de culto da cidadania.
AP