sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Se gente como esta um dia pudesse governar o país...


As últimas notícias da imprensa que dão eco de que o presidente do conselho de fundadores de uma ONG, concebida, entre outras missões, para ações humanitárias em países africanos (mas que não chegou a concretizar nenhuma…), recebeu 150 mil euros não declarados, quando estava impedido de os receber por ser, ao tempo, também deputado a beneficiar do regime de exclusividade, transportam-me, inevitavelmente, para a imagem que aqui publico e para tudo quanto ela representa.

Eu próprio tirei esta foto num centro paroquial de Vila Real. Apanhei este grupo de professores, altas horas da noite, a trabalhar numa ONG: a HELPSOL. A fazer o quê? A elaborar materiais didáticos, fichas de trabalho de matemática e língua portuguesa, dinâmicas de grupo e jogos educativos, que, dias depois, seriam enviados para Moçambique. Já antes haviam recolhido 53 caixas de material escolar (manuais, cadernos, mochilas, canetas, material de desenho, etc.), que levaram o mesmo destino. E o destino são crianças institucionalizadas em África, crianças abandonadas, retiradas das ruas, malnutridas, órfãos de sida e de guerra, procurando levar até elas um fogacho de felicidade e esperança na luz de um ensino de qualidade com a marca da língua portuguesa.

Em troca, ninguém recebe um cêntimo sequer. As compensações que obtêm são de outra ordem. Não há dinheiro que as pague. Mas são estes paradoxos que nos fazem pensar se um país pobre como o nosso alguma vez irá para a frente com a classe política que temos, tão desprovida de sentimentos éticos.
Alexandre Parafita