“Pedra do Solstício” no Vale do Côa, popularmente conhecida como
a “Pedra da Cabeleira de Nossa Senhora” (foto de Luis Pereira)
Vem aí o Solstício de Verão. O sol no seu ápice. Impõe-se
o deus doador da luz. Os raios solares ganham força suprema e aterrorizam os
poderes das trevas. Um frenesim para bruxas e feiticeiros desde tempos
imemoriais. Alguns insinuam encarnar o poder mágico dos deuses pagãos. Coisa
séria será, tanto que as práticas pagãs foram sendo absorvidas por festejos
cristãos do S. João. Muitas culturas europeias crêem nos poderes mágicos e
curativos das águas e das plantas neste ciclo festivo. Desde a antiguidade, os casamentos
acontecem neste tempo para garantir a fertilidade, sob uma luminosa inspiração
dos ritos de fertilidade que acompanhavam os casamentos sagrados das
divindades, tal como os celtas festejavam as colheitas e a fertilidade dos
campos. Ofereciam-se comidas, bebidas e animais aos deuses, dançava-se à volta
de fogueiras para espantar os espíritos malignos.
E porque a celtomania perdura, muitos vão tentar
recuperar esta atmosfera mágica subindo ao alto do Marão, na noite de 20 para
21, até à Senhora da Serra (a tal que tem seis irmãs e todas se vêem e cumprimentam
ao romper o sol). Nesta cumplicidade cósmica, não faltará sequer o mágico
supremo Padre Fontes, com a sua anunciada “Queimada do Solstício”. Quem tiver
boas pernas que aproveite.
Alexandre Parafita