Foi ontem notícia um
abominável e patético plano do governo para encerrar, já neste novo ano letivo,
mais 311 escolas do 1º ciclo do ensino básico, a esmagadora maioria no interior
rural de Portugal. Muitas crianças de tenra idade irão assim deixar as suas
aldeias e viajar cerca de uma hora para frequentarem uma nova escola.
Ao abaterem estas
escolas, os governantes estão a aplicar no interior rural os mesmos critérios
que vigoram para os grandes centros. E se assim é, estes decisores enganaram-se
no país que se propuseram governar. Das duas uma: ou estão a tomar decisões
sobre a realidade de um país que não conhecem, ou são absolutamente incapazes
de lidar com a singular realidade que este país é – acentuam a desertificação,
entregam o interior exclusivamente aos idosos que estão de partida e sugam as
novas gerações para o litoral e grandes centros, ou então sacodem-nas para fora
do país. E numa ou noutra circunstância, governantes assim não servem. Há que
correr com eles, antes que, juntamente com as escolas, abatam o pouco que resta
a este pobre país: a dignidade.