“Não
vás para padre que te capam!” Foi esta a recomendação dos vizinhos ao Padre
Fontes, quando resolveu ir para o seminário. Mas a ninguém deu ouvidos,
nascendo assim um dos padres mais conhecidos e mais controversos do país.
Irreverente quanto baste, mediático, combativo, insatisfeito, tornou-se um
verdadeiro “ex-libris” das terras de Barroso. Só para o conhecerem, formam-se
fiadas de excursões de todo o País. Enche, como poucos, as igrejas onde
celebra.
Homem
simples, comum, rebelde, satírico, respingão, jamais se afastou do perfil
conspícuo de cura de aldeia, preocupado com a melhoria espiritual e material da
vida dos seus paroquianos. Ganhou, no entanto, relevo natural o carisma de
homem público, estudioso da cultura do seu povo, conferencista atarefado,
resistente a caprichos convencionais das autoridades religiosas, cultivador de
“ciumeiras” corporativas.
Quando
em tempos lhe perguntaram (e eu estava lá e ouvi…) se, como homem “bem
apessoado”, nunca teve intimidades com mulheres, ele respondeu simplesmente:
–
Não tenho por que me queixar.
Tal
e qual. Espontâneo e direto. Deixando ao critério de ouvidos mal ou bem-intencionados
o desfrute caprichoso da resposta ambígua. Assim é o Padre Fontes. Um homem que
luta em prol de um Céu na própria Terra (situada no Barroso, de preferência).
Perto das imperfeições humanas e longe de algumas obsessões clericais.