quinta-feira, 25 de julho de 2013

“Não vás para padre que te capam!”


“Não vás para padre que te capam!” Foi esta a recomendação dos vizinhos ao Padre Fontes, quando resolveu ir para o seminário. Mas a ninguém deu ouvidos, nascendo assim um dos padres mais conhecidos e mais controversos do país. Irreverente quanto baste, mediático, combativo, insatisfeito, tornou-se um verdadeiro “ex-libris” das terras de Barroso. Só para o conhecerem, formam-se fiadas de excursões de todo o País. Enche, como poucos, as igrejas onde celebra.

Homem simples, comum, rebelde, satírico, respingão, jamais se afastou do perfil conspícuo de cura de aldeia, preocupado com a melhoria espiritual e material da vida dos seus paroquianos. Ganhou, no entanto, relevo natural o carisma de homem público, estudioso da cultura do seu povo, conferencista atarefado, resistente a caprichos convencionais das autoridades religiosas, cultivador de “ciumeiras” corporativas.

Quando em tempos lhe perguntaram (e eu estava lá e ouvi…) se, como homem “bem apessoado”, nunca teve intimidades com mulheres, ele respondeu simplesmente:

– Não tenho por que me queixar.

Tal e qual. Espontâneo e direto. Deixando ao critério de ouvidos mal ou bem-intencionados o desfrute caprichoso da resposta ambígua. Assim é o Padre Fontes. Um homem que luta em prol de um Céu na própria Terra (situada no Barroso, de preferência). Perto das imperfeições humanas e longe de algumas obsessões clericais.

 
No próximo sábado celebra meio século de sacerdócio. Não podendo estar presente fisicamente, estarei em espírito. E daqui lhe mando um abraço de parabéns.