sábado, 2 de fevereiro de 2013

A Lenda das Ganchas de S. Brás

 
                       
            Nos dias de hoje e de amanhã (3 de fevereiro) celebra-se em Vila Real a tradição popular do S. Brás, que se traduz no comércio e oferta das famosas ganchas de caramelo com a forma do báculo do santo. Manda a tradição que, nestes dias, as raparigas peçam uma destas ganchas aos rapazes em retribuição da oferta do “pito” que lhes terão feito no dia de Santa Luzia (os “pitos de Santa Luzia” são igualmente famosos como doçaria típica de Vila Real). E no percurso para a Vila Velha, onde está o altar da S. Brás, costumavam recitar:

                         Eu vou ó S. Brás,
                        De cu ó pa trás,
                        Pedir uma gancha
                        Pró meu rapaz”.

             Note-se como a expressão popular “de cu ó pa trás” não é alheia a um ritual ainda mais antigo, e hoje extinto, praticado na Vila Velha, onde as mães levavam os filhos a dar voltas à igreja de S. Dinis, às arrecuas e sem abrir a boca, para curarem ou prevenirem neles males de garganta. E tudo isto tem raízes na “Lenda de S. Brás e da espinha de peixe”, segundo a qual uma mãe, desesperada ao ver o seu filho a afogar-se por ter uma espinha de peixe atravessada na garganta, foi pedir socorro ao santo. Diz o povo que S. Brás, diante do menino, limitou-se a fazer o sinal da cruz, ficando a criança logo curada.
 

Alexandre Parafita