domingo, 22 de novembro de 2009

Livros : "A Mitologia dos Mouros" de Alexandre Parafita

A obra “A Mitologia dos Mouros” debruça-se sobre o mistério que envolve a figura dos mouros na nossa memória colectiva.

Apresentados na História como seres de “carne e osso”, invasores, pelejadores, opressores, inimigos de Deus, e identificados com múltiplas denominações (sarracenos, agarenos, muçulmanos, maometanos, infiéis, árabes, bérberes, islâmicos, mouriscos, maurescos, moçárabes, mudejares, etc.), os Mouros aparecem, contudo, nas Lendas como seres mágicos, com aparência humana ou não, que guardam valiosos tesouros e vivem nos montes, nas fragas, em torres, nos castros, nas grutas, nas covas, em cisternas, nos dólmens, nas fontes, em lagos ou em rios.

Esta obra procura e dá respostas, por vezes polémicas, que o tempo sempre foi adiando: Quem são, afinal, os mouros da História e os mouros da Mitologia? Que estratégias e interesses político-teológicos se “escondem” nas Lendas de Mouros? Qual a natureza dos tesouros e dos seres encantados (serpentes, gigantes, diabos, touros, cabras, sapos…)? Qual o parentesco dos “mouros míticos” com o demónio? O que fazem os mouros na toponímia e nos “lugares de memória”?

Índice da Obra:

INTRODUÇÃO

PARTE I
Capítulo 1 – Os mouros /muçulmanos na historiografia transmontana
1.1. – Esboço para um enquadramento histórico
1.2 – Os muçulmanos em Trás-os-Montes

Capítulo 2 – A Região como espaço mítico
2.1 – A espiritualidade da paisagem
2.2. – A relação com o sobrenatural
2.2.1 – Alma Penada
2.2.2 – Bruxa
2.2.3 – Diabo
2.2.4 – Fada
2.2.5 – Lobisomem
2.2.6 – Morte
2.2.7 – Olharapo
2.2.8 – Trasgo

Capítulo 3 – Lendas e mitos no quadro da literatura oral tradicional
3.1 – Algumas questões de nomenclatura
3.1.1 – Literatura tradicional/oral/popular
3.1.2 – Tradição oral e património imaterial
3.2 – Géneros de literatura oral tradicional: necessidade de uma delimitação
3.3 – Considerações sobre os conceitos de lenda e de mito
3.3.1 – A lenda
3.3.2 – O mito


PARTE II

Capítulo 1 – Mouros e Cristãos: antagonismo étnico-religioso
1.1 – Uma dualidade assimétrica
1.2 – Auxílio “unilateral” de entidades divinas
1.3 – O “mistério” da descoberta de imagens sagradas
1.3.1 – Escondidas para fugir ao ímpeto destruidor dos mouros?
1.3.2 – Quem (como e porquê) descobre as imagens?
1.4 – Sinais de radicalização da perversidade
1.4.1 – Tributo das Donzelas
1.4.2 – Os Sete Infantes de Lara
1.4.3 – Martirização de santos
1.4.4 – Apedrejamento e incêndio de bens cristãos
1.4.5 – Outras perversidades atribuídas aos mouros
1.4.6 – Marcas de perversidade atribuídas aos cristãos
1.5 – Problematização da convivialidade étnico-religiosa
1.5.1 – Influência perturbadora de símbolos e rituais cristãos
1.5.2 – Relação dos mouros e/ou seus tesouros com o demónio
1.5.3 – Problematização da relação amorosa entre cristãos e mouros
1.6 – Manipulação histórica?
1.6.1 – Equívocos e facciosidades em alguns relatos históricos
1.6.2 – Nova visão do fenómeno árabo-cristão

Capítulo 2 – Actividades e qualidades dos mouros
2.1 – Os mouros míticos
2.2 – Mouros construtores
2.2.1 – Detentores de força sobre-humana
2.2.2 – Actividades subterrâneas e/ou nocturnas
2.3 – Zeladores de refúgios inacessíveis
2.3.1 – Evitam convívio com estranhos
2.3.2 – Uso de estrepes e outros meios como obstáculo aos estranhos
2.4 – Mouros guerreiros
2.4.1 – Luta pela sobrevivência
2.4.2 – Ritualização do mito da guerra
2.5 – Mouros guardiões de tesouros
2.6 – Mouras tecedeiras e fiandeiras
2.7 – Mouras tendeiras
2.8 – Outras actividades e qualidades dos mouros/mouras
2.8.1 – Perigosamente sedutoras
2.8.2 – O canto e o choro das mouras
2.8.3 – As mouras e a obsessão pelo leite
2.9 – Os mouros e o paradigma da alteridade
2.9.1 – Os lugares de “residência”
2.9.2 – O “Eu” vs. o “Outro”: identidade, alteridade e etnocentrismo

Capítulo 3 – Os tesouros e os encantos
3.1 – Os tesouros
3.1.1 – Identificação dos tesouros
3.1.2 – Análise e interpretação dos tesouros, a partir dos “motivos”
3.1.2.1 – Sobre o conceito de motivo
3.1.2.2 – A simbologia do dinheiro e do ouro
3.1.2.3 – A galinha com pintainhos de ouro
3.2 – Os encantos
3.2.1 – O que é um encanto?
3.2.2 – Os seres encantados
3.2.2.1 – O culto da serpente
3.2.2.2 – Os seres encantados e o demónio
3.2.3 – Os objectos mágicos
3.2.4 – Elementos simbólicos de intimidação e obstáculo
3.3 – Como aceder aos tesouros e/ou quebrar os encantos
3.3.1 – Ocasiões propícias: o S. João
3.3.2 – Atitudes sugeridas
3.3.2.1 – Coragem, discrição e anticristianismo
3.3.2.2 – O livro de São Cipriano
3.3.2.3 – Alegorização do trabalho agrícola
3.4 – Insucesso vs. Sucesso na relação com tesouros e encantos
3.4.1 – Insucesso: razões e justificações
3.4.1.1 – Quebra de acordos
3.4.1.2 – Opções erradas dos humanos
3.4.2 – Consequências do “insucesso”
3.4.3 – Consequências do “sucesso”


Capítulo 4 – A Toponímia e outras Etiologias
4.1 – Toponímia: em torno de um conceito
4.2 – Os mouros na toponímia
4.2.1 – Toponímia maior
4.2.2 – Toponímia menor
4.3 – A etiologia dos fenómenos míticos

CORPUS NARRATIVO [composto por 263 lendas]
CONCLUSÕES
BIBLIOGRAFIA
ANEXO 1
ANEXO 2

Recensão a este livro:

Alexandre Parafita escreveu obra ímpar sobre Mitologia

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