A professora Patrícia Ferreira viaja de Vila Real até Aljustrel (cumprindo uma rota complexa de 555 kms: Vila Real – Porto – Lisboa – Évora – Beja – Aljustrel) para continuar a alimentar o sonho de ser professora, como bem se narrou na Grande Reportagem da SIC Notícias.
O pouco que ganha
fica-lhe nas viagens e no alojamento. Certamente, a única compensação que
continua a permitir-lhe alimentar o sonho de ser professora estará na
felicidade dos seus alunos ao receberem-na em cada nova semana e na ternura dos
abraços do filho e marido que ansiosamente a esperam em cada regresso a casa.
Este é o drama de milhares de professores. Muitos outros optam por deslocar-se, diariamente, durante mais de 300 quilómetros para darem as suas aulas. Compensação monetária (como acontece em outras profissões com bem melhores remunerações), nenhuma. Deixam aí o pouco que ganham e o que gastam nem sequer o conseguem descontar no IRS.
Para cúmulo, o Ministério da Educação vomitou este ano a porcaria de uma lei que, sob a ardilosa justificação de ajudar os professores com doenças incapacitantes, lhes oferece a possibilidade de concorrerem a escolas num raio de até 50 kms em “linha reta”, o que obriga, nas estradas serpenteadas do interior do país, a deslocações de mais de hora e meia. Um professor nestas condições ainda irá ter de inventar tempo e meios para fazer os seus tratamentos médicos, seja de oncologia, hemodiálise e outros.
Enfim, como se vê, temos um Ministério da Educação nada amigo dos professores.
(ap)
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