Foto de Egídio Santos
A Calçada de Alpajares. Grandes
mistérios a rodeiam. Porque será que o povo lhe chama a “Calçada do Diabo”? São
800 metros de percurso. A lenda fala de um cavaleiro monge que, vindo de Barca
d’Alva, se dirigia, numa noite de grande temporal, ao antigo mosteiro de S.
Tiago [alguém sabe o que é feito dele?], mas tinha de atravessar a ribeira e
não podia pois a corrente subira até ao alto das escarpas. Apareceu-lhe então o
Diabo que, a troco da sua alma, garantiu a construção de uma ponte e o
respetivo acesso, tudo nessa mesma noite. Feito o acordo, lá vem o infernal
engenheiro com a sua legião de mafarricos. Metem ombros à obra e ela avança,
porém o galo cantou três vezes. E à terceira cantada, já o dia despontava,
faltando ainda algumas pedras. Não cumpriu por isso a sua parte, pelo que todos
desapareceram num instante, menos o monge que pôde seguir calmamente a viagem.
Na rota desta calçada, há ainda um espaço mais
plano a que o povo chama o “terreirinho das bruxas”. Porque será?
[Deixo este registo lendário a
propósito da inauguração do Centro Interpretativo da Calçada de Alpajares, que
vai ter lugar no dia 1 de março, em Freixo de Espada à Cinta]
Alexandre Parafita
in Diário de Trás-os-Montes