quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Obra do Diabo, só ele a leva a cabo…

Foto de Egídio Santos

A Calçada de Alpajares. Grandes mistérios a rodeiam. Porque será que o povo lhe chama a “Calçada do Diabo”? São 800 metros de percurso. A lenda fala de um cavaleiro monge que, vindo de Barca d’Alva, se dirigia, numa noite de grande temporal, ao antigo mosteiro de S. Tiago [alguém sabe o que é feito dele?], mas tinha de atravessar a ribeira e não podia pois a corrente subira até ao alto das escarpas. Apareceu-lhe então o Diabo que, a troco da sua alma, garantiu a construção de uma ponte e o respetivo acesso, tudo nessa mesma noite. Feito o acordo, lá vem o infernal engenheiro com a sua legião de mafarricos. Metem ombros à obra e ela avança, porém o galo cantou três vezes. E à terceira cantada, já o dia despontava, faltando ainda algumas pedras. Não cumpriu por isso a sua parte, pelo que todos desapareceram num instante, menos o monge que pôde seguir calmamente a viagem.
Na rota desta calçada, há ainda um espaço mais plano a que o povo chama o “terreirinho das bruxas”. Porque será?

[Deixo este registo lendário a propósito da inauguração do Centro Interpretativo da Calçada de Alpajares, que vai ter lugar no dia 1 de março, em Freixo de Espada à Cinta]
Alexandre Parafita
in Diário de Trás-os-Montes