É urgente que o povo fale nos
seminários, nos workshops! São estes rostos, são estas vozes, que mantêm vivo o património
cultural imaterial profundo! É urgente reconhecer como válida a universidade
que frequentaram: as aulas que tiveram de Economia Aplicada nas tornageiras e
vezeiras, nos maninhos, partilhas de água, nas roldas dos moinhos; as aulas de
Lógica e Retórica nos fiandeiros, na hermenêutica das celebrações rituais; as aulas
de Semiótica das Linguagens na sinfonia dos campos e dos bosques; as aulas de
Epistemologia das Ciências Experimentais nas rotinas eco-telúricas do minguante
ao crescente; ou as de Metafísica e Filosofia da Estética na efemeridade comovedora
do pôr-do-sol, no belo-horrível das tempestades, dos ritos de morte, na
espiritualidade das crenças, ou no silêncio diáfano da solidão das montanhas.
Agradeço às senhoras Maria
Elisete Ferreira (de Sendim, Tabuaço), Maria Lurdes Ala (de Vilas Boas, Vila
Flor) e Maria Alice Silva (de Dadim, Chaves) as suas belas lições de cultura
imaterial que continuam a ecoar-me na mente.
A arte de saber ouvir é a antecâmara do conhecimento.
A.P