Quem conhece a realidade
da educação dos dias de hoje sabe bem como é justa a luta dos professores. Os
que a não conhecem (e das escolas e dos professores apenas sabem o que trouxeram
dos tempos do PREC…) vão aos armários bafientos buscar argumentos irrealistas e
imbecis, como se tem visto, por estes dias, em alguns comentadores que não
hesitam em apontar os professores como uma casta de malandros atrelados ao orçamento
do Estado. Ignoram que o professores não trabalham apenas de sol a sol nas
escolas com turmas enormíssimas, tantas vezes carregadas de problemas, mas trabalham
também pelas noites e madrugadas dentro (com pastas e pastas de planos de aula,
planos de recuperação de alunos, registos regulares da evolução dos alunos, informações
para encarregados de educação, planos de articulação horizontal e vertical de
conteúdos com as diversas disciplinas e com outros anos de escolaridade,
elaboração de materiais pedagógicos adequados às turmas, fichas de trabalho,
testes de diagnóstico e testes de avaliação, elaboração e correção de fichas de
leitura, exercícios de expressão escrita, relatórios de autoavaliação do
desempenho docente, leitura e análise de legislação e documentos orientadores das disciplinas lecionadas e da escola com as metas a
atingir, o Projeto Educativo da escola, o Projeto Curricular de Agrupamento, o
Regulamento Interno o Estatuto do Aluno, elaboração de relatórios de todas as
atividades, das aulas de apoio pedagógico, dos projetos, dos clubes, da direção
de turma, elaboração das adequações dos Processos de Ensino e Aprendizagem dos
alunos com necessidades educativas especiais, elaboração, atualização e avaliação
do Projeto de Turma e os PAP'S (Projetos de Acompanhamento Pedagógico), preparação de reuniões e redação das
respetivas atas de Conselhos de turma, conselho de diretores de turma, de
projetos, de clubes, do conselho pedagógico, com encarregados de educação,
departamento, grupo de recrutamento, de avaliação de desempenho docente...).
O governo está a
destruir o país e isso vê-se dia a dia. Cidadãos tristes, idosos deprimidos, jovens
revoltados, desocupados, sem esperança, sem horizontes. Jamais país algum
progrediu com gente infeliz. Mas o governo teima em ir mais além, em acentuar a
tristeza reinante. E o ministro não se faz rogado na educação. É vergonhoso o
que pretendem fazer com a classe profissional mais imprescindível e mais nobre
de um país. Os professores não são coisas, e muito menos coisas descartáveis. O
governo quer construir o futuro com quem? Com seres sem alma, sem
personalidade, sem honra, sem direitos? Pôr em causa a dignidade dos professores
aos olhos do país é acabar com a esperança numa educação que construa um país
melhor. É desistir definitivamente do futuro.