Valentim era padre nos
alvores da Idade Média. Diz a lenda que o imperador de então, Cláudio II, havia
proibido os casamentos em tempo de guerra, para que os soldados, de coração
liberto, melhor se empenhassem nas batalhas, evitando, ao mesmo tempo, que
deixassem jovens viúvas desamparadas e filhos órfãos.
Porém, o padre
Valentim, conhecedor do seu rebanho, e percebendo ser difícil impedir que,
entre os jovens, os corações palpitassem e o amor despontasse, ignorou a
proibição, continuando a casá-los discretamente, por achar que, pior do que
viúvas desamparadas e filhos órfãos, era ficarem por lá mães solteiras com
filhos de pais incógnitos.
Entretanto, denunciado
ao imperador, Valentim foi mandado prender. E na prisão, enquanto aguardava a
sentença, ele próprio se enamorou de uma filha cega do carcereiro, a quem, por
milagre, devolveu a vista. Condenado depois à tortura e à morte, passou a ser
venerado pelo povo como santo. E o dia da sua morte, 14 de fevereiro, viria
mais tarde a ser consagrado como Dia dos Namorados, ou Dia de São Valentim.
Contudo, no Brasil, a
origem lendária do Dia dos Namorados
liga-se não a São Valentim mas a Santo António, o santo português padroeiro dos
noivos. Por isso é festejado no dia 12 de junho, véspera do dia do Santo. E é
portuguesa a lenda que deu origem à tradição: A lenda de “Santo António mandado
degolar” (mandado degolar pelo pai de uma noiva obcecada de amores pelo santo,
quando ainda o não era). Foi recolhida na região do Douro e pode ser consultada
na obra Património Imaterial do Douro –Narrações Orais, vol. 1, (Lisboa, Âncora Editora, 2007, pág. 37).
Alexandre Parafita